O livro que é um sonho de infância e que finalmente li
Recentemente, realizei um pequeno grande sonho de infância: li “Viagem ao Centro da Terra”, o clássico de Júlio Verne que eu via ser anunciado na TV Cultura e que, para mim enquanto crescia, parecia algo intocável (inimaginável, inalcançável) quando eu era criança.
Aviso: Este resumo contém spoilers da história! Se ainda não leu e pretende ler, pule a parte do resumo!
A forma como encontrei este livro adiciona uma camada especial à experiência. Ele veio parar nas minhas mãos através de uma “geladeira literária” em um parque municipal perto de casa – aquelas geladeiras desativadas onde as pessoas deixam e pegam livros livremente (e que bom que esta era bem protegida do clima!). Agora que terminei, amanhã será a vez de outra pessoa encontrá-lo por lá.
Para não esquecer os detalhes dessa aventura fantástica, decidi fazer este breve resumo. Vamos aos principais pontos da história:
O início do livro (aproximadamente Capítulos 1 a 10) já mostra a dedicação de Verne em descrever cada cena minuciosamente. Isso realmente faz a imaginação decolar! Nestes primeiros capítulos, conhecemos os personagens principais: Axel (o narrador), seu tio, o Professor Otto Lidenbrock, e outros importantes que aparecem no começo da jornada. Somos então imersos na descoberta de como eles encontram a passagem secreta que dá início à viagem.
A aventura se aprofunda nos capítulos seguintes (cerca de 11 a 20), com a introdução de Hans, um habilidoso caçador islandês que se torna o guia e companheiro essencial da expedição. Sua força e conhecimento local são cruciais. Não demora muito para que, ao descerem pelos primeiros níveis da caverna, o desafio inicial da falta de água surja.
A busca por água leva a uma descoberta crucial nos capítulos seguintes (aproximadamente 21 a 30). Eles conseguem criar um pequeno riacho que, segundo a narrativa, se transforma em um rio subterrâneo – batizado de Rio Hans em homenagem ao guia, que inclusive os salva em um momento crítico.
Apesar do rio servir de guia, há um incidente: durante um descanso, Axel se perde do grupo. Sua lanterna apaga, ele explora o escuro, se fere e cai. Caído, ele consegue ouvir as vozes do tio e de Hans, mas percebe que estão a mais de 6 quilômetros de distância! Milagrosamente, mesmo ferido e no escuro total, Axel consegue se locomover. Seus companheiros o encontram e, ao acordar, ele descobre que está à beira de um vasto “mar”, que eles batizam de Mar Lidenbrock.
Este mar subterrâneo é descrito com riqueza de detalhes, parecendo um mar real, com direito a margens arborizadas e uma luz que simula a luz do sol (Verne sugere uma explicação elétrica para essa iluminação no “teto” da caverna). Usando as árvores, constroem uma embarcação para atravessar o Mar Lidenbrock, onde presenciam a luta épica entre duas criaturas pré-históricas, conseguindo, por pouco, escapar ilesos.
A jornada continua (capítulos 31 a 40 e seguintes). Eles chegam a uma ilha que, à primeira vista, confunde-se com outro monstro marinho por jorrar água como uma baleia – mas é um gêiser! A parada é breve. Pouco depois de partir, enfrentam uma violenta tempestade que dura dias. A sensação é de terem percorrido uma enorme distância rapidamente. Para piorar, a bússola defeituosa inverte os polos, fazendo-os perder a direção.
Axel, esgotado, expressa várias vezes o desejo de desistir e voltar, mas o Professor Lidenbrock, movido por sua incansável sede científica, insiste em seguir em frente. Após a tempestade danificar o barco (consertado por Hans), eles exploram a área e encontram um punhal com as iniciais “A.S.”, pertencente a Arne Saknussemm – o cientista cuja mensagem codificada indicou a entrada para a viagem no início do livro.
Perto do punhal, encontram uma rocha que parece bloquear outro caminho. Usando a pólvora que ainda lhes resta, conseguem explodir a pedra, revelando uma nova passagem. A esperança é que este seja o caminho para o centro da Terra, mas a natureza tem outros planos: esta passagem é, na verdade, uma chaminé vulcânica ativa que os impulsiona de volta à superfície, de forma inesperada, emergindo na Sicília, Itália.
“Viagem ao Centro da Terra” é um excelente exemplo da ficção científica de Verne, onde a aventura fantástica é costurada com tentativas de explicações científicas (mesmo que datadas!), como no caso da luz e do ecossistema subterrâneo. A forma como o autor descreve cada cenário com detalhes impressionantes continua a ser um convite à imaginação.
Recomendo muito a leitura para quem já ouviu falar de Júlio Verne e quer começar por um de seus clássicos mais empolgantes. E, claro, assim como eu, talvez você se anime a ler outros livros dele, como “A Volta ao Mundo em 80 Dias”, “Vinte Mil Léguas Submarinas”, entre tantas outras joias que ele nos deixou!